História do Vaticano
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A história
diplomática do Vaticano: começa no século IV,
porém os limites do poder do papado evoluíram
ao longo do tempo e séculos. Os papas, e as suas prerrogativas de poder temporal, lideraram uma grande parte da península italiana,
incluindo Roma,
por um milênio.
A
justificativa histórica para este poder temporal reside na Doação de Constantino,
uma falsificação pelo qual o imperador Constantino I havia
dado primazia ao Papa Silvestre sobre
as Igrejas Orientais e o Imperium (poder
imperial) ao Ocidente. (o caráter apócrifo deste documento foi elaborado em 1442 pelo
humanista Lorenzo Valla).
Os territórios dos Estados Pontifícios,
antecessor ao atual Vaticano, haviam sido doados em 756 por Pepino, o Breve,
rei dos francos pela Doação de Pepino.
Estados
Pontifícios
Durante
um período de quase mil anos, que teve início no tempo do império de Carlos Magno (século
IX), os Papas reinam sobre a maioria dos Estados temporais do centro da Península Itálica,
incluindo a cidade de Roma,
e partes do sul da França.
Os Estados Pontifícios ou "Estados da Igreja" foram formados por um
conglomerado de territórios, que basicamente permaneceram como um estado
independente entre os anos 752 a 1870,
sob a direta autoridade civil dos papas,
e cuja capital era Roma.
Fim
dos Estados Pontifícios (1870)
Durante
o processo de unificação da península,
a Itália gradativamente
absorve os Estados Pontifícios.
Em 1870,
as tropas do rei Vítor Emanuel II entram
em Roma e incorporam a cidade ao novo Estado. Em 13 de Março de 1871,
Vítor Emanuel II ofereceu como compensação ao Papa Pio IX uma
indenização e o compromisso de mantê-lo como chefe do Estado do Vaticano, um
bairro de Roma onde ficava a sede da Igreja (as leis de garantia).
O papado, consciente de sua influência sobre os católicos italianos e desejando
conservar o poder da Igreja, recusa-se a reconhecer a nova situação e
considera-se “prisioneiro” do poder laico. Além disso, proibiu os católicos
italianos de votar nas eleições do novo reino.
Tratado
de Latrão
Essa
incómoda questão de disputas entre o Estado e a Igreja, chamada Questão Romana só
terminou em Fevereiro de 1929,
quando o ditador fascista Benito Mussolini e
o Papa Pio XI assinam
o Tratado de Latrão,
pelo qual a Itália reconhece a soberania da Santa Sé sobre o Vaticano, declarado
Estado soberano, neutro e inviolável. A concordata também
concede indenização financeira ao papado pelas perdas territoriais da
unificação e torna o catolicismo a religião oficial da Itália. Os termos da
concordata são ratificados em 1947 pela
república italiana.
Segunda
Guerra Mundial
O
Vaticano oficialmente seguiu uma política de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial,
sob a liderança do Papa Pio XII.
Embora a cidade de Roma fosse
ocupada pela Alemanha nazista a
partir de 1943 e
pelos Aliados em1944,
a Cidade do Vaticano em si não foi ocupada.
Pós-guerra
Para
enfrentar a perda de influência, o pontificado do Papa João XXIII (1958-1963)
dá início ao diálogo com outras igrejas e com o mundo laico. O processo
desemboca no Concílio Vaticano II (1962/63),
o primeiro concílio ecumênico em 300 anos. As encíclicas sociais de João XXIII
– Mater et
Magistra, Pacem in Terris –
e de seu sucessor Paulo VI (1963-1978)
– Populorium
Progressio – abrem
caminho para a Teologia da Libertação,
surgida em 1968,
e para o alinhamento de uma parte do clero católico com posições de esquerda.
Em
1968, Paulo VI frustra os católicos liberais ao condenar métodos anticoncepcionais
com a encíclica Humanae Vitae. Em 1978,
a concordata é reformulada e o catolicismo deixa de ser religião oficial da
Itália; no mesmo ano, as relações do Vaticano com o Estado italiano deterioram-se
depois que o Congresso aprova o divórcio.
Em
outubro de 1978, com a morte prematura do sucessor de Paulo VI, João Paulo I,
cujo pontificado dura apenas 33 dias, o Cardeal polonês Karol Wojtyla,
com o nome de João Paulo II,
torna -se o primeiro Papa não-italiano desde oséculo XVI. O novo pontificado é marcado pelo
conservadorismo em questões morais e pelo reforço na disciplina na Igreja, que
se reflete na tentativa de João Paulo II de esvaziar o poder do clero chamado
“progressista”.
Em 1981,
João Paulo II sofre um
atentado em Roma; seu autor, o
turco Mehmet Ali Agca,
é condenado à prisão perpétua.
Em 1982,
personalidades do Vaticano são envolvidas no escândalo da falência fraudulenta
do Banco Ambrosiano.
As relações do Vaticano com o Estado italiano pioram em 1987,
quando a Justiça da Itália ordena a prisão do cardeal Paul Marcinkus,
secretário de Estado do Vaticano e diretor do Instituto para as Obras de
Religião(IOR), instituição financeira
envolvida no escândalo Ambrosiano. Baseando-se nos termos da concordata – pela
qual a Itália não tem jurisdição sobre o Vaticano –, a Suprema Corte italiana
absolve Marcinkus.
João
Paulo II visita várias vezes a Polônia e
tem um papel importante no restabelecimento do diálogo entre o governo
comunista e a poderosa Igreja polonesa. Entre 1990 e 1991,
com a queda do comunismo,
o Vaticano reata relações diplomáticas com países do ex-bloco socialista.
Em 1992,
os setores “progressistas” da Igreja criticam a beatificação do padre José María Escrivá Balaguer,
fundador da direitista Opus Dei,
e a reafirmação feita pelo Papa da condenação à homossexualidade.
O novo catecismo da Igreja Católica passa a considerar a masturbação e
a prostituição pecados mortais contra
a natureza, além do homossexualismo como um grave pecado contra a natureza
humana e sexual e condena a corrupção e a dominação econômica
Em 1993,
o Vaticano enfrenta um déficit orçamentário estimado em US$ 91,7 milhões. Para
enfrentar essa crise financeira, a Prefeitura de Assuntos Econômicos autoriza a
exploração comercial da imagem de João Paulo II. No mesmo ano, o Papa reafirma
suas posições conservadoras sobre interrupção voluntária da
gravidez, celibato clerical
ou sexo antes do casamento na encíclica Veritatis Splendor.
A
encíclica Evangelium Vitae,
divulgada em 1995,
condena radicalmente a interrupção voluntária da
gravidez e a eutanásia.
Em maio, o Vaticano divulga a 12ª encíclica do Papa João Paulo II, Ut Unum Sint,
conclamando a unidade de todos os cristãos – católicos, ortodoxos e
protestantes –, seguindo a via aberta pelo Concílio Vaticano II.
As
relações exteriores do Vaticano são marcadas pela intervenção ativa nas
conferências convocadas pela Organização das Nações Unidas (ONU),
sempre sob a óptica conservadora do atual pontificado. Na Conferência do Cairo sobre
a População, em abril, contesta o controle da natalidade através de métodos
“não-naturais”. A mesma posição é reafirmada na Conferência sobre a Mulher, em
setembro de 1995,
em Pequim.
A História do
papado: é a história do Papa e Bispo de Roma, chefe da Igreja Católica, tanto em seu papel
espiritual e temporal, que cobre um período de
aproximadamente dois mil anos.[1] O papado é uma das instituições
mais duradouras do mundo, e teve uma participação proeminente na história
da humanidade.[2] A Igreja Católica acredita que
a "doutrina (…) sobre o papado é bíblica e decorre
do primado de São Pedro entre os Apóstolos de Jesus. Como todas as
doutrinas cristãs, desenvolveu-se ao longo dos séculos, mas não se afastou dos
seus elementos essenciais, presentes na liderança do Apóstolo Pedro."[3]
Os papas na Antiguidade auxiliaram na
propagação do cristianismo e a resolver
diversas disputas doutrinárias.[4] Na Idade Média eles
desempenharam um papel secular importante na Europa
Ocidental, muitas vezes, servindo de árbitros entre os monarcas e evitando
diversas guerras na Europa.[5] Atualmente, para além da expansão
e doutrina da fé cristã, os Papas se dedicam ao diálogo inter-religioso, a trabalhos de
caridade e à defesa dos direitos humanos.[6][7]
Não existe uma lista
oficial de papas, mas o Anuário
Pontifício, publicado anualmente pelo Vaticano, contém uma lista que é geralmente
considerada a mais correta, colocando o atual Papa
Francisco como o 266º Papa.[8]
Existe grande
controvérsia entre os historiadores sobre a história do papado durante o
cristianismo primitivo, destacando-se a questão da veracidade do martírio de
Pedro e Paulo em Roma; sobre a organização da Igreja Romana no século I e
princípio do século II, e o exercício da primazia papal.
Alguns historiadores
argumentam que Pedro nunca foi realmente a Roma, e que essa crença se originou
somente mais tarde.[9][10] No entanto, outros estudiosos
citando os documentos cristãos primitivos (mais proeminentemente, a descrição
da morte Pedro e Paulo em Roma nas cartas de Clemente em c. 96,[11][12] Santo
Inácio de Antioquia em c. 107,[13] Dionísio
de Corinto entre 166 e 176,[12] e Irineu de
Lyon, em torno de 180 d.C.[14])
concluem que Pedro foi de fato martirizado em Roma.[15][16][17]
Uma vez que no século
I os termos “presbíteros e bispos” eram sinônimos
usados para os líderes da igreja local[18][19] submetidos a um apóstolo;[20] muitos argumentam que no final do
século I e até a metade do século II, a Igreja Romana não possuía uma
organização mono episcopal (um só Bispo como chefe da igreja local), mas uma
forma colegiada de liderança,[9][18][21] sendo que o mono episcopado
começou somente mais tarde, e assim, originalmente o ministério papal não
existia. No entanto, outros estudiosos discordam, defendendo que os apóstolos
designaram seus sucessores na liderança das igrejas locais (originalmente
também chamados de "apóstolos" e no inicio do século II, de
“bispos”),[20] como por exemplo, Tito e Timóteo investidos
por Paulo de Tarso, e nos escritos
posteriores de Clemente de Roma,[22]Inácio,[23][24] e Irineu,[25] que prematuramente atestaram a
sucessão linear de Bispos desde a época dos apóstolos.[20]
Alguns historiadores
afirmam que os papas não possuíam direitos ou privilégios primaciais no
cristianismo primitivo sobre a Igreja Universal,[26] no entanto, uma vez que em muitas
ocasiões os Bispos de Roma intervieram em comunidades locais, como Clemente I,[27] ou tentaram estabelecer uma
doutrina vinculativa a Igreja Universal como Vítor I (sobre a controvérsia
quartodecimana),[28] a visão predominante entre os
historiadores, é que a Sé e o Bispo de Roma possuíam nesse período uma
proeminência em questões relacionadas aos assuntos da Igreja Católica,[4][16][27][29][30][31][32] mas esse papel se desenvolveu e
se acentuou profundamente nos séculos seguintes, especialmente a partir
do século V e após o XI.[21]
O primeiro documento
fornecido por um papa, é de Clemente I no final do século I, em que interveio
em uma disputa em Corinto, na Grécia,[33] Clemente foi o primeiro Pai
Apostólico da Igreja,[34] fundando o período eclesiástico patrístico, que duraria até
o século VIII. No século II os
bispos romanos erigiram monumentos aos apóstolos Pedro e Paulo, davam esmolas às igrejas
pobres[27] e lutaram contra gnósticos e montanistas na Ásia Menor.[27] No final do mesmo século, o Papa Vítor I ameaça de
excomunhão os bispos orientais que continuarem praticando a Páscoa em 14
de Nisã (quarto de cimanismo).[28]Nessa época Santo Inácio,[35][36] e algum tempo depois Santo Irineu,[37] enfatizam a posição única do
bispo de Roma.
No século III os papas
preocuparam-se em afirmar a possibilidade do perdão dos pecados, se os fiéis se
arrependessem e fizessem penitência (ao contrário do que pregava o novacionismo), como pode ser
observado nos decretos de Calixto I e Cornélio I. No final desse século, papas
como Estêvão I[38] e Sisto II[39] condenaram o rebatismo, como pregava a
heresia do donatismo.
Muitos aspectos da
vida dos papas primitivos, especialmente os primeiros, permanece envolta em
mistério, como São Lino, que teria sido o segundo papa, cuja
vida e ações como Bispo de Roma é incerta e desconhecida.[40] Devido a perseguição
aos cristãos pelo Império Romano, os livros da vida
dos santos de Roma afirmam que foram mártires todos os Papas dessa época,[41] sendo a maioria dos pontificados
curto (embora exista incerteza sobre a morte de muitos Bispos de Roma, cujos
relatos de martírio surgiram apenas muito tempo depois de sua morte, como por
exemplo, São Clemente I, que viveu no final do século I, mas a história de seu
martírio remonta apenas ao século IV).[42]
Alexandria e Antioquia também eram
centros importantes para o cristianismo e seus bispos possuíam jurisdição sobre
certos territórios. Muitos historiadores tem sugerido que seus poderes
especiais provieram do fato de que as três comunidades foram chefiadas
por São Pedro (Roma e Antioquia foram, segundo
a Sagrada Escritura e Tradição fundadas por
Pedro e Alexandria por seu discípulo São Marcos).[43][44]
Em 313, o imperador Constantino I concede
liberdade para todas as religiões iniciando a Paz na
Igreja; e passando a interferir em diversas questões eclesiásticas (como a
convocação em 325 do Primeiro
Concílio de Niceia), originando o cesaropapismo, e uma relação de
"difícil entrosamento entre Igreja e Estado".[45][46] Constantino também ordenou a
construção de três basílicas em Roma e as doou ao papado.
A organização conciliar e sinodal que havia sido
vital no século III, também cresceu em importância nessa
época – através dos concílios
ecumênicos convocados pelos imperadores (por questões pragmáticas e também
cesaropapistas), para proporcionar uma resolução definitiva para os litígios
doutrinários na Igreja Católica. A tentativa de alguns concílios de
independerem da autoridade papal, desafiá-la ou mesmo controlá-la, fez que
o Papa
Bonifácio I declarasse precocemente que o poder papal é superior ao conciliar
e o último não pode julgá-lo.[47] Uma das primeiras demonstrações
de um poder estatal administrado
pelos papas, também surgiu nessa época, embora fosse de caráter puramente
diplomático, como "defensor dos necessitados e da população", como
observado por exemplo, no confronto do Papa Leão I com Átila, imperador dos hunos,[48] em que Leão convence Átila a não
invadir e saquear Roma.
Nessa época também
aprofundaram-se os conflitos entre a Igreja do Ocidente e Oriente. Em 330 a capital do Império Romano foi transferida
para Constantinopla, dessa maneira
rapidamente no Império
Romano do Oriente o poder civil controlou a Igreja e o bispo de
Constantinopla cresceu em importância, baseando seu poder no fato de ser bispo da
capital e por ser um homem de confiança do Imperador,[49] no Ocidente por sua vez, o bispo
de Roma pôde consolidar a influência e o poder que já possuía desde o cristianismo
primitivo.[49] Em 380, o Édito de
Tessalónica publicado pelo imperador Teodósio I, estabeleceu que a religião católica conforme
ensinada pelo Papa Dâmaso I, como religião
de estado exclusiva do Império.
Papado Ostrogodo (493-537)
Após a queda do
Império Romano do Ocidente, a Itália foi dominada pelo Reino
Ostrogodo, sendo que o rei ostrogodo era tolerante com a Igreja e não interferia
em questões dogmáticas.[52] Rapidamente tribos bárbaras se
converteram ao arianismo ou ao catolicismo.[53] Quando o rei dos francos Clóvis I, converteu-se ao
catolicismo, aliando-se assim com o papado e os mosteiros, outras tribos como
os visigodos seguiram seu exemplo.[53]
Em 494 o Papa Gelásio I a fim de
refrear o cesaropapismo e o abuso dos governantes seculares, publica a
epístola Duo sunt, sobre as
competências do poder temporal e espiritual, na qual defende que os papas e os
bispos devem administrar a Igreja; e o imperador e os príncipes a vida
temporal, cada um independente do outro.[54] No final do século VI, o Papa Gregório, o Grande iniciou
reformas administrativas e organizou missões para evangelizar a Grã-Bretanha.[32] Gregório também foi um importante
teólogo, e suas perspectivas representam a mudança religiosa da
perspectiva clássica para a medieval, seus escritos
tratam sobre demonologia, angelologia, escatologia e etc.[55] Logo no início do século VII exércitos
muçulmanos haviam conquistado grande parte do sul do Mediterrâneo, e
representam uma ameaça para a cristandade ocidental.[56]
Papado Bizantino (537-752)
Influência dos
francos (756-857)
A Coroação de Carlos
Magno pelo Papa Leão III. Afresco na Capela Sistina, de Raphael, em torno de
1516-1517.
No século VIII
a iconoclastia (destruição de
imagens religiosas), tornou-se uma fonte de conflito entre os papas e a Igreja
Oriental.[57] A eleição do papa nessa época era
conturbada, especialmente devido ao poder civil, enquanto alguns imperadores
como Carlos Magno (771-814),
e Luís I, o
Piedoso (814-840) não interferiram e respeitaram as eleições papais, Lotário I (823-855),
interveio abertamente e exigiu a confirmação do Sacro
Imperador Romano na eleição papal. Em 898, o Papa João IX em um concílio
realizado em Roma, decretou que a eleição devia ser feita apenas pelos
cardeais-bispos e pelo clero.[58]
No final do mesmo
século, buscando proteção contra os lombardos, o Papa
Estevão II apelou para os francos para proteger a Igreja,[55] Pepino, o
Breve subjugou os lombardos e doou terras italianas ao papa, formando
então os Estados
Pontifícios, que se tornou o Estado da Igreja.[55] Quando o Papa Leão III coroou Carlos Magno (800), os
próximos imperadores passaram a ser ungidos por um papa.[55] Carlos Magno conjuntamente com a
Igreja inicia uma importante reforma educacional e artística, conhecida
como Renascimento
carolíngio.
Saeculum obscurum
O assassinato
do Papa João VIII inaugurou um
período marcado por curtos pontificados, no qual doze papas foram mortos
(algumas vezes após sua deposição), mais três depostos e dois abdicaram, num
período conhecido pelos historiadores como Saeculum Obscurum (latim: idade das
trevas),[59] sendo considerado o ponto
"mais baixo do papado".[55] Durante este período, os papas
eram fortemente influenciados e lutaram com uma poderosa família aristocrática, Teofilactos e seus
parentes,[60] sendo depostos ou assassinados.[55]
Na sequência da
aliança do Papa Sérgio III com Teofilato I, Conde de
Túsculo (o pai de Marózia) e sua esposa, Teodora, os Teofilactos influenciaram
com sucesso na eleição de quatro dos próximos cinco papas.[61] O filho de Sérgio III com Marozia
se tornou o Papa João XI, sendo deposto pelo
rei Alberico
II de Spoleto, que foi capaz de controlar a instalação dos próximos quatro papas,
acabando por instalar seu próprio filho, o Papa João XII, cujo principal ato
foi a coroar Oto I como imperador do Sacro
Império Romano.[61]
Um sínodo em 963 depôs João XII, e Oto I elegeu
o Antipapa Leão VIII (963-965), mas
os romanos não o aceitaram e quando seu protetor partiu, ele foi deposto e João
XII reassumiu o cargo; no entanto, morre repentinamente e o povo elege o Papa Bento V (964),[61] que Oto I substituí por Leão
VIII, agora papa legítimo. Oto teve ainda mais sucesso no processo de nomeação
do Papa João XIII (965-972) e
do Papa Bento VI (973-974)[61]
Conflitos com o
Sacro Imperador (1048-1257)
O cargo do imperador
carolíngio foi disputado entre os seus herdeiros e senhores locais, nenhum saiu
vitorioso até que Oto I,
Sacro Imperador Romano-Germânico invadiu a Itália. A Itália tornou-se
um reino constituinte do Sacro
Império Romano em 962, a partir do ponto dos imperadores germânicos. Com a sua posição de
imperador consolidada, as cidades-estados do norte da Itália se dividiram
entre Guelfos e
Gibelinos. Devido às interferências do poder civil, os conflitos no processo de
escolha dos papas continuavam, por exemplo, Henrique III ao visitar Roma em 1048, encontrou dois
antipapas e várias disputas provocadas pelo Papa Bento IX, Henrique instalou
seu próprio candidato preferido ao papado, o Papa
Clemente II.
A história do papado
de 1048 a 1257 continuará a ser marcada por conflitos entre papas e os Sacro
Imperadores Romanos.
Grande Cisma do Oriente
Do século V ao XI foram numerosas
as rupturas seguidas de reconciliação entre as igrejas do Ocidente e Oriente.[62] Em 1054 os legados romanos do Papa Leão IX, viajaram para
Constantinopla para insistir no reconhecimento da primazia papal,[63] o patriarca de Constantinopla se
recusou a reconhecer sua autoridade[64] e se excomungaram mutuamente,[63] posteriormente a separação entre
Ocidente e Oriente se desenvolveu quando todos os outros patriarcas orientais
apoiaram Constantinopla,[65] no evento do Grande
Cisma.
Reforma Gregoriana e
Questão das Investiduras
Desde o século VII era comum entre
o reino dos Francos, bem como na Itália e na Espanha, que os reis,
imperadores e nobres fundassem bispados e abadias, nomeando ou depondo os
clérigos do local, e controlando suas ações.[66]As investiduras (nomeações)
feitas pelos nobres visavam interesses pessoais e do reino, provocando a
corrupção entre os membros do clero[46] . Entre os anos 900 e 1050 surgiram ideais
e centros de reforma contra os abusos e a corrupção, como os mosteiros de Cluny (França) e
Görze (Alemanha), de onde partem grupos renovadores para a Bélgica, Itália, Espanha,
Inglaterra e demais países europeus.[66] A abadia de
Cluny, que surgiu em 910, quando os mosteiros estavam em profunda decadência, foi fundada pelo
duque Guilherme
de Aquitânia que, renunciou ao direito de propriedade e doou-a ao papa,
assegurando a liberdade do mosteiro. Assim "a abadia ganhou o antigo
rigor monástico e profunda renovação espiritual, pois ingressava em Cluny quem
realmente queria ser monge (…) Cluny colocou-se a serviço da liberdade da vida
monástica, e de toda a Igreja. Era um mosteiro livre (…) Seu exemplo se
alastra: Papas e bispos, (…) chamam os monges de Cluny para reformarem seus
mosteiros".[66] Em 1059 o Papa
Nicolau II promulga a bula In nomine Domini estabelecendo
como únicos eleitores do papa os cardeais da Igreja Romana (apesar ainda de
seguido pela aprovação dos leigos de Roma e pelo Sacro
Imperador Romano[67]).
Em 1073, esses ideais
ganharam força com a eleição do Papa São
Gregório VII, que baseando-se em ideais ascetas e monásticos,[68] adotou uma série de medidas no
movimento conhecido como Reforma
Gregoriana, lutando radicalmente contra a simonia e a intromissão do poder civil na
investidura de bispos, abades e dos próprios papas, tentando restaurar a
disciplina eclesiástica.[45] Em reação, o imperador do Sacro
Império Henrique IV, aliou-se a bispos alemães proibidos de exercerem
suas funções religiosas, e considerou o papa deposto; este, em resposta,
excomungou o imperador. Desenvolveu então um conflito aberto entre eles, que
ficou conhecido como "Questão
das Investiduras".[46] Henrique IV em 1077, pediu perdão ao
papa por meio da Penitência
de Canossa, embora não dispositiva no contexto da disputa, tornou-se lendária.
Esse conflito só foi resolvido em 1122, pela Concordata
de Worms, que adotou uma solução de meio-termo: caberia ao papa a investidura
espiritual dos bispos e ao imperador, a investidura temporal.[46]
Cruzadas e
Inquisição
Em 1095, o imperador
bizantino Aleixo I pediu ao Papa
Urbano II para ajudá-lo militarmente contra as invasões muçulmanas,[69] assim Urbano, no concílio
de Clermont convoca a Primeira Cruzada, destinada a
auxiliar o Império bizantino a retormar os antigos terrítórios cristãos,
especialmente Jerusalém.[70] As cruzadas provocaram a formação
de várias ordens militares, tais como os Cavaleiros
Templários, os Cavaleiros
Hospitalários, e os Cavaleiros
Teutônicos.[71] Em 1209, o Papa
Inocêncio III declarou a Cruzada
dos Albigenses contra os Cátaros, uma seita gnóstica cristã que se
instalara no Languedoc, França. Para regulamentar a maneira como a
Igreja lhe dava com os hereges, em 1231, Gregório
IX instituiu a Inquisição
Papal.[72]
Papado de Avignon e
Grande Cisma do Ocidente
De 1309 a 1377, o
papa não residia em Roma, mas em Avignon,[73] um período geralmente chamado
de Cativeiro
Babilônico, em alusão ao exílio bíblico de Israel na Babilônia.[74]
O Papa
Gregório XI deixou Avignon e restabeleceu a Santa Sé em Roma, onde morreu em
27 março de 1378. A eleição de seu sucessor, definiria a residência do futuro
papa em Avignon ou Roma. O nome do Bartolommeo Prignano, Arcebispo
de Bari, considerado com uma rígida moral e inimigo da corrupção, foi proposto
e eleito em Roma por dezesseis cardeais italianos em conclave em 7 de abril,
e no dia seguinte escolheram novamente Prignano. No dia 13 eles realizaram uma
nova eleição e, novamente, escolheram o Arcebispo Prignano para se tornar papa.
Durante os dias seguintes todos os Cardeais aprovaram o novo papa, que tomou o
nome de Urbano VI e tomou posse. No dia seguinte, o
cardeais italianos notificaram oficialmente a eleição de Urbano aos seis cardeais
franceses em Avignon, que o reconheceram como papa, em seguida, escreveram ao
chefe do império e aos demais soberanos. Tanto o Cardeal Roberto de
Genebra, o futuro Antipapa
Clemente VII de Avignon, e Pedro de Luna de Aragão, o futuro Antipapa
Bento XIII, também aprovaram sua eleição.[75]
Mapa ilustrando o
Grande Cisma do Ocidente: Os territórios em rosa, são territórios obedientes ao
antipapado de Avignon, os territórios em roxo, são territórios obedientes ao
papado de Roma.
O Papa Urbano não
atendeu as necessidades de sua eleição, criticou os membros do Colégio Sagrado,
e se recusou a restaurar a sede pontifical em Avignon. Os cardeais italianos
então em maio de 1378, se retiraram para Anagni, e em julho para Fonti, sob a proteção
da Rainha
Joana de Nápoles e Bernardon de la Salle, iniciaram uma campanha contra a sua
escolha, e se prepararam para uma segundo eleição. Em 20 de Setembro, treze
membros do Colégio Sagrado fizeram um novo conclave em Fondi e escolheram o
Roberto de Genebra como antipapa, que tomou o nome de Clemente VII. Alguns
meses depois, apoiado pelo Reino de
Nápoles, assumiu sua residência em Avignon, e o cisma começava.[75]
Clemente VII possuía
relações com as principais famílias reais da Europa, os estudiosos e os santos
da época normalmente apoiavam o papa adotado pelo seu país. A maior parte de
estados Italianos e Alemães, a Inglaterra e o Flanders apoiaram o papa
de Roma. Por outro lado França, Espanha, Escócia, e todas as nações aliadas da França
apoiaram o antipapa de Avignon. Os Papas excomungaram-se mutuamente, enviando
mensageiros para a cristandade defendendo sua causa. Posteriormente Bonifácio
IX sucedeu Urbano VI em Roma e Bento XIII sucedeu Clemente em Avignon. Vários
clérigos reuniram-se em concílios regionais na França e em outros lugares, sem
resultado definitivo. O rei da França e seus aliados em 1398 deixaram de apoiar
Bento e Geoffrey Boucicaut, sitiou Avignon, o bloqueio privou o antipapa de
comunicação com todos aqueles que permaneceram fiéis a ele. Bento retomou a
liberdade somente em 1403. Inocêncio
VII já tinha sucedido Bonifácio de Roma, e após um pontificado de dois
anos, foi sucedido por Gregório
XII.[75]
Em 1409 um
concílio que se reuniu em Pisa acrescentou um outro antipapa e declarou os outros dois depostos.
Depois de muitas conferências, discussões, intervenções do poder civil e várias
catástrofes, o Concílio
de Constança (1414) depôs o Antipapa
João XXIII, recebeu a abdicação do Papa
Gregório XII, e finalmente, conseguiu depôr o Antipapa Bento XIII. Em 11 de novembro
de 1417, o concílio elegeu Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V, terminando assim o
grande cisma do Ocidente.[75] O prestígio da Santa Sé foi
profundamente afetado com esta crise, o que causou a criação da doutrina conciliar, que sustenta que a
autoridade suprema da Igreja encontra-se com um concílio ecumênico e não com o
papa,[76]sendo efetivamente extinta no século XV.[76]
O prestígio do papado
foi profundamente afetado com esta crise, o que causou a criação da doutrina conciliar, que sustenta que a
autoridade suprema da Igreja encontra-se com um concílio ecumênico e não com o
papa,[76] sendo efetivamente extinta
no século XV.[76]
Idade Moderna
Idade Moderna
Renascimento
A Basílica
de São Pedro, a maior igreja docristianismo,[77][78][79] foi construída pelos papas do
Renascimento, demonstrando seu incentivo as artes.
Durante o Renascimento os papas
patrocinaram e incentivaram artistas e intelectuais, tornando-se
importantes mecenas,[46] tais como Júlio II e Leão X, que contrataram
artistas como Bramante,Bernini, Rafael e Michelangelo,[46] transformando a cidade de Roma
num dos principais centros do Renascença
Italiana, juntamente com Florença.[80] O papado renascentista é
normalmente associado a corrupção e a degradação moral.[81][82] Os papas desse período não
estavam à altura das necessidades da Igreja, suas preocupações eram mais
políticas e artísticas. O nepotismo atinge seu auge: papas e cardeais
estavam mais interessados em garantir o futuro de seus familiares do que numa
reforma religiosa. Os cardeais eram criados entre parentes, sem se olhar a
idade, virtudes morais e intelectuais (foram os famosos cardeais-sobrinhos).
]Reforma Protestante
e Católica (1517-1585)
Antichristus, por Lucas
Cranach (1521), representação do Papa como o Anticristo, cercado de
funcionários da Cúria Romana. Lutero sustentou que sendo o papa o Anticristo, a
violência devia ser usada para derrotá-lo.[83]
A Reforma
Protestante iniciada a partir de 1517, desconsideraria diversas doutrinas e dogmas
católicos, e provocaria os maiores cismas do cristianismo.[84][85] Muitos reformadores afirmaram que
o papa seria o "anticristo",[86] tais como Martinho
Lutero,[87] que argumentou que a violência
deveria ser usada para derrotar sua autoridade,[83]João Calvino, Thomas
Cranmer,[88] John Knox, Cotton Mather, e John Wesley.[89] Calvino despertou revolta
inclusive entre seus próprios seguidores ao chamar de "papistas"
muitos cristãos respeitados.[90] Os papas por sua vez, compararam
os reformadores a "raposas [que] avançam procurando destruir a vinha
(…) [que] entregastes o cuidado, norma e administração (…) a Pedro, como cabeça
e vosso vigário e a seus sucessores. O javali da floresta procura destruí-la e
toda fera selvagem vem devastá-la."[91]
Como retaliação os
papas instituíram a Reforma
Católica[4] (1560-1648), que lutou contra as
contestações protestantes e instituiu reformas internas. O evento mais
significativo da reforma católica foi à convocação do Concílio
de Trento (1545-1563),[92] pelo Papa
Paulo III (1534-1549).
Os papas também
tiveram um papel importante na Colonização
das Américas: como por exemplo, o Papa Alexandre VI, que dividiu os
direitos e as terras recém-descobertas entre Espanha e Portugal.[93]Os papas também tentaram conter os
abusos cometidos contra os índios por exploradores e
conquistadores, condenando a escravidão,[94] tais como Paulo III,[95][96][97][98] Papa
Urbano VIII (1623-1644),[99] e Papa
Bento XIV (1740-1758).[100]
Idade Contemporânea
Idade Contemporânea
Questão Romana (1870–1929)
No século XVII, após a ascensão
de Napoleão
Bonaparte e a eclosão das Guerras
Napoleônicas, os Estados Pontifícios foram ocupados e extintos pela França,[6] as revoltas do povo romano contra
os franceses foram esmagadas[6] e o Papa Pio VII preso em Savona e depois na
França.[6] Com o Congresso
de Viena, os Estados Pontifícios foram recriados, e extintos novamente em 1870 por Victor
Emmanuel II, no âmbito daunificação
da Itália, iniciando-se a Questão Romana.[4] No mesmo ano o Concílio
Vaticano I proclamou o primado e infalibilidade
papal como dogma.[101][102][103]
Em resposta aos
desafios sociais da Revolução
Industrial, o Papa Leão XIII publicou a
encíclica Rerum Novarum, estabelecendo
a doutrina
social da Igreja em que rejeitava o socialismo, mas que defendia a
regulamentação das condições de trabalho, o estabelecimento de um salário
mínimo e o direito dos trabalhadores de formar sindicatos.[32] Em 1929, o Tratado
de Latrão assinado entre a Itália e o papa Pio XI estabeleceu a
independência do Vaticano, como cidade-estado soberano sob controle do papa,
utilizada para apoiar sua independência política.[4]
Depois de violações
da Reichskonkordat de 1933, que
havia garantido a Igreja na Alemanha nazista alguma proteção
e direitos,[104] o Papa Pio XI emitiu em 1937
a encíclica Mit
brennender Sorge,[104] que condenou
publicamente a a perseguição da Igreja pelos nazistas e sua ideologia de neopaganismo e superioridade racial.[104] Depois que
a Segunda
Guerra Mundial começou em setembro de 1939, a Igreja condenou a invasão
da Polônia e as subsequente invasões nazistas de 1940.[105] No Holocausto, o Papa Pio XII dirigiu a
hierarquia da Igreja para ajudar a proteger os judeus dos nazistas.[70] Apesar de Pio XII ter ajudado a
salvar centenas de milhares de judeus, segundo muitos historiadores,[106] ele também foi
acusado de não fazer o suficiente para impedir as atrocidades nazistas,[107] e o debate
sobre a validade dessas críticas continua atualmente.[106]
Concílio Vaticano II
(1962-presente)
O Concílio
Vaticano II, reunido nos anos 60, modernizou o papel e a ação da Igreja
na sociedade. Após sua conclusão, o Papa Paulo VI e seus
sucessores, especialmente o Papa João
Paulo II, passaram a ser conhecidos como os "papas peregrinos",
viajando para diversas partes do mundo e dedicando-se ao ecumenismo e ao diálogo
inter-religioso, a trabalhos de caridade e a defesa dos direitos humanos.[6][7]
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